

Família Murphy e o Incidente no Multiverso
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Família Murphy e o Incidente no Multiverso
2021
Espetáculo de teatro e tecnologia, com temática de ficção científica e LGBTQIA+
Classificação: acima de 7 anos
"...O sobrenome da família, à primeira vista estranho pois estrangeiro, se justifica na ressignificação do ditado popular que diz que “se algo pode dar errado, dará” – para efetivá-la, a Sabre de Luz utiliza uma frase do filme Interestelar, em mais uma referência cinematográfica: “a Lei de Murphy não significa que algo errado vai acontecer. Significa que tudo o que pode acontecer, acontecerá”.
De modo similar ao que temos visto nos últimos filmes do UCM, as razões de ser, o funcionamento e as implicações do multiverso não são exatamente explicados em A Família Murphy e o Incidente no Multiverso. Os modos pelos quais a jovem Ângela (Joyce Salomão) viaja entre os universos parecem mudar; e a resolução final, do retorno, no jogo entre sua representação pixelada na tela e uma versão mais velha e sábia, se desdobra mais enquanto discurso do que ação – o que não
se trata, efetivamente, de um problema: a aventura mantém seus mistérios, e certas lacunas também são convites à imaginação do público.
A encenação faz uso de uma série de recursos técnicos para criar a – difícil e pouco vista no teatro – atmosfera sci-fi.
Na distensão dessas possibilidades, de robôs a alquimistas interessados em dissecar cérebros, Família Murphy e o Incidente no Multiverso brinca com maneiras de materializar o impossível da ficção científica nos palcos teatrais, navegando no imenso oceano de referências da cultura pop contemporânea sem perder de vista a autoralidade de sua criação. Por trás de saltos entre realidades, lá está o que há de mais central no trabalho da Sabre de Luz: quem somos, quem podemos ser, com quem podemos contar e quem desejamos amar".
Amilton de azevedo é crítico e professor de teatro. Atualmente é doutorando no Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da ECA-USP, desenvolvendo pesquisa em torno da crítica teatral contemporânea no Brasil. É mestre em Artes da Cena pela Escola Superior de Artes Célia Helena, onde lecionou entre 2016 e 2019. Criou a plataforma ruína acesa (https://ruinaacesa.com.br) em 2017, onde publica regularmente textos sobre teatro. É membro da seção brasileira da IATC/AICT (Associação Internacional de Críticos de Teatro).
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Dib Carneiro
Sinopse
Angela Murphy acaba de completar 13 anos, após ser questionada na escola por ter 2 pais e nenhuma mãe, ela viaja pelo Multiverso em busca da sua família ideal. Com ajuda do seu gato Schrodinger, ela descobrirá que família é onde o verdadeiro amor reside!
Duração: 50 minutos
Livre
Release
O afeto é uma espécie de poder!
O afeto é uma espécie de poder. A definição de família está desatualizada na constituição federal, que não reconhece o casamento homossexual como entidade familiar. A partir desta discussão, encontramos inúmeras adversidades a serem superadas em um país considerado homofóbico e com estatísticas que demonstram grande violência contra a população LBGTQIA+.
Para abrir espaço para a discussão e abranger as diversas camadas da sociedade, que por vezes, não se reconhece como preconceituosa é necessário democratizar o tema da LGBTFobia com possibilidades de suscitar a reflexão através dos dilemas humanos que se relacionam diretamente com o olhar do espectador. Quem sou eu? Questiona a personagem Angela Murphy, 13 anos, que sofre discriminação entre os amigos por não ter uma família considerada “normal” com um pai e uma mãe, e, ao invés disso possui dois pais. A partir da reprovação social ela indaga sobre a necessidade de ser aceita socialmente dando lugar a sua busca pela família perfeita em uma jornada de descoberta existencial, que ignora os afetos.
A peça faz uma reflexão a partir do olhar de uma criança que está se descobrindo no mundo como um “ser” repleto de quereres, poderes e deveres. Suas escolhas partem de um sistema social que impõe questões e estimula a violência sem valorizar a sua individualidade, e, dessa forma, a diversidade no mundo. O amor e a afetividade da família de Angela é violada quando a própria menina decide deixar os pais aceitando a condição imposta pela sociedade e atribuindo a eles o erro pela escolha de formarem uma família.
Durante a viagem pelo multiverso, Angela encontra várias versões da família Murphy. Com intuito de substituir os seus verdadeiros pais, ela experimenta essas versões e questiona o que de fato é uma família “ideal”. Longe de casa, ela se depara com o real significado de afetividade e entende que o conceito de família é onde o verdadeiro amor reside.
“Eu sou Angela Murphy.
Eu amo ser diferente e amo os meus pais, do jeitinho que eles são.
Eles são a minha família ideal”.
Para contar essa história utilizamos a ficção-científica, que é uma poderosa ferramenta para discutir as relações humanas. A aventura existencial é envolvida por uma jornada típica dos livros de ficção científica que se deparam com a ciência como pano de fundo da trama. Angela Murphy viaja acompanhada de seu gato de estimação chamado Schrodinger, um gato preso em uma caixa que ela mesma não sabe se está vivo ou morto:
“Um dia meu pai me disse,
que existe um gato vivo ou morto dentro dessa caixa
e que se eu nunca abrir a caixa nunca saberei se ele está vivo ou morto.
Agora eu estou aqui. Literalmente dentro da caixa.
Me tornei o próprio paradoxo. E realmente não sei se estou viva ou morta! Muitas vezes me senti assim dentro do meu quarto.
Como a vida é difícil.
O que é e o que não é real?”
As indagações filosóficas fazem parte do autoconhecimento necessário para a personagem aceitar-se e consequentemente aceitar sua família sem julgamentos. A peça ainda brinca com famílias de outras dimensões, como duas mães robôs divertidas, um casal alquimista que realiza experimentos químicos e ao final do espetáculo, Angela tem a opção de esquecer para sempre os seus verdadeiros pais adotivos e precisará escolher se lutará pelos direitos dos seus pais.
Temos como objetivo, romper com a lógica da reprodução das situações de violência e discriminação, promovendo atitudes ativas de combate ao sexismo, respeito às múltiplas sexualidades, etnias eidentidades de gênero. Dentre as diretrizes dos nossos projetos, estão os pilares, superação das desigualdades na promoção da igualdade racial, regional, de orientação sexual e de gênero.




Por que ficção científica?
Após 10 anos de pesquisa a Sabre de Luz Teatro, entende a ficção científica como ferramenta que possibilita as discussões humanas. Em nossos espetáculos discutimos o uso da tecnologia, a desigualdade social e o respeito as diferenças. Nesta peça, discutiremos o que é uma família ideal? 2 pais ou 2 mães? 1 pai + 1 robô? 1 mãe + 1 aranha de estimação? Qual a equação ideal? O que é idealismo? Quem inventou o padrão social? Como devo me vestir, que meninas não devem se sentir subjugadas e que não devem fazer perguntas? Nosso estudo compreende uma jornada em busca de reflexão. O espetáculo critica a imposição social.